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NOVA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Sobre a aula

Introdução

Em todas as reformas linguísticas, há mudanças que parecem simples à primeira vista, mas que carregam em si uma profunda lógica de simplificação e unificação. A eliminação do trema, um dos aspectos mais emblemáticos do Acordo Ortográfico de 1990, é um desses casos. Durante muito tempo, o trema foi visto como uma marca importante da nossa escrita, mas, à medida que a língua portuguesa evoluía, foi percebido que o seu uso não se justificava mais.

Nesta aula, exploraremos as razões históricas e linguísticas que levaram à supressão do trema, entendendo as motivações que impulsionaram a sua eliminação, com um olhar atento às mudanças culturais e linguísticas que marcaram a transição.

🧭 Razões para a Supressão do Trema

  1. Falta de Função Fonética

A razão principal para a eliminação do trema foi o facto de que, na maior parte dos casos, o sinal não alterava a pronúncia das palavras. O trema foi utilizado para indicar que a vogal “u” deveria ser pronunciada quando se encontrava entre g ou q e outras vogais. Contudo, a pronúncia dessas palavras já era amplamente conhecida, mesmo sem o trema.

Por exemplo, a palavra “linguiça” já era pronunciada como “lingüiça” sem que houvesse necessidade de um sinal gráfico a indicar isso. O mesmo acontecia com “frequente” ou “tranquilo”. A partir desse raciocínio, tornou-se evidente que o trema estava a ser utilizado de forma desnecessária.

  1. Simplificação Ortográfica

O trema, embora útil na época em que foi introduzido, foi gradualmente tornando-se excessivo. Com a globalização e o aumento da circulação de materiais educativos e culturais, os países lusófonos procuraram formas de simplificar a ortografia sem comprometer a clareza e a uniformidade da língua. O Acordo Ortográfico de 1990 buscou unificar a ortografia entre as diversas variantes do português, e a eliminação do trema foi uma das medidas mais simples para alcançar esse objectivo.

Em Angola, a simplificação ortográfica visava, em especial, a facilidade de ensino e aprendizagem nas escolas, considerando a riqueza das línguas nacionais que coexistem com o português no país.

🌍 Unificação Ortográfica entre os Países Lusófonos

O Acordo Ortográfico de 1990 visava, acima de tudo, a unificação da língua portuguesa nos diversos países onde é falada. A ortografia tradicional portuguesa, com o uso do trema, era uma prática que se mantinha apenas em alguns países lusófonos, especialmente em Portugal e no Brasil. No entanto, em países africanos como Angola, Moçambique e Cabo Verde, a grafia do português já estava a sofrer modificações informais, adaptando-se à realidade linguística local.

A eliminação do trema contribuiu para reduzir as diferenças ortográficas entre os países, tornando a língua portuguesa mais acessível e coesa, com a preservação da diversidade linguística e cultural que caracteriza as nações lusófonas.

🗣️ A Influência da Lingua Oral

Outro fator importante a ser considerado é a pronúncia oral do português. No caso do trema, ele apenas se justificava na escrita, já que na fala, o “u” nas palavras com gue, gui, que, qui era claramente pronunciado. Por exemplo:

  • “frequente” é pronunciado com o “u” audível, como em “fre-quente”.
  • “linguiça” tem o “u” audível, mesmo sem o trema.

Portanto, a língua oral já estava adaptada para a pronúncia correta, independentemente do uso do trema na escrita.

🇦🇴 A Perspectiva Angolana

Em Angola, a eliminação do trema apresenta uma adaptação natural ao contexto da língua portuguesa falada no país. O uso do português em Angola sempre teve uma grande influência das línguas nacionais, especialmente as línguas bantu, que não fazem uso do trema, ou de qualquer outra marca gráfica semelhante. Assim, a adaptação do português angolano à nova ortografia, sem o trema, foi bem aceita, pois não alterou significativamente a forma como o idioma já era falado ou entendido.

De fato, o trema nunca foi amplamente utilizado em documentos oficiais em Angola, e a mudança não representou um grande impacto, mas sim uma formalização das tendências já existentes na escrita do português angolano.

📌 Conclusão: O Impacto da Eliminação do Trema

A supressão do trema reflete a evolução da língua portuguesa, que busca ser mais prática e funcional. No contexto angolano, esta mudança ortográfica teve um impacto reduzido, mas contribuiu para a uniformização da língua e o aprofundamento do uso de uma ortografia moderna e simplificada. O trema, embora tenha cumprido a sua função histórica, já não se justifica no panorama atual da língua, e a sua eliminação tornou-se uma necessidade de adaptação às novas exigências culturais e linguísticas.

Com a eliminação do trema, avançamos para uma língua mais coesa e simples, adaptada às necessidades do mundo moderno, mas que mantém, sempre, a sua riqueza e diversidade.

Se desejar, posso criar exercícios interativos ou um questionário de revisão para fixação do conteúdo. Gostaria de avançar com algum exercício ou dúvida sobre a matéria?

Aqui estão os exercícios interativos do Módulo 2 – Supressão do Trema, com 10 perguntas no formato Verdadeiro ou Falso. Estes exercícios podem ser utilizados para reforçar a aprendizagem dos conceitos discutidos nas aulas anteriores.

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