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NOVA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Sobre a aula

O português em Angola é mais do que um simples idioma herdado da colonização. Ele é uma ponte entre gerações, um reflexo da cultura e uma ferramenta essencial para a comunicação entre povos de diferentes origens. Mas como a Nova Ortografia afeta esse idioma tão vivo e dinâmico?

Se há algo que a história nos ensina, é que a língua nunca é estática. Como um rio que esculpe a terra ao longo dos séculos, o português também se transforma, adaptando-se às necessidades de seus falantes. E foi com esse espírito de evolução que surgiu o Acordo Ortográfico de 1990, uma tentativa de unificar a grafia da língua portuguesa entre os países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

Mas a pergunta que ressoa entre professores, escritores e falantes angolanos é: o que essa mudança realmente significa para Angola?

📌 O Português de Angola: Uma Identidade Própria

Diferente do que muitos pensam, Angola não é apenas uma extensão linguística de Portugal. O português falado aqui respira influências das línguas nacionais, das expressões do dia a dia e da história do próprio povo.

O angolano não fala apenas português – ele vive o português à sua maneira. Expressões como “Vou te bater um toque” (ligar para alguém) ou “Estamos juntos” (expressão de apoio e parceria) fazem parte da identidade linguística local e mostram como a língua se molda ao contexto cultural.

Neste cenário, surge a grande questão: como manter essa identidade forte e, ao mesmo tempo, adaptar-se às novas regras ortográficas?

📌 O Impacto da Nova Ortografia em Angola

O Acordo Ortográfico de 1990 trouxe mudanças significativas, mas é importante lembrar que ele não afeta a maneira como falamos – apenas como escrevemos. Algumas das alterações mais notáveis incluem:

📌 Desaparecimento do trema – Palavras como linguiça e conseqüência perderam os dois pontinhos sobre a letra “u”, mas a pronúncia permanece a mesma.

📌 Fim das consoantes mudas“Acção” virou “ação”, “óptimo” virou “ótimo”. Essas letras, que já não eram pronunciadas, agora também desapareceram na escrita.

📌 Regras do hífen reformuladas – Algumas palavras perderam o hífen (“auto-escola” → “autoescola”) enquanto outras o mantiveram (“guarda-chuva” continua igual).

Mas será que essas mudanças realmente facilitam a vida do falante angolano?

Para muitos estudantes, sim. A ortografia fica mais simples e sem tantas exceções, o que torna o aprendizado da escrita mais acessível. Mas para os mais velhos, que cresceram com a grafia tradicional, essas alterações podem ser estranhas e difíceis de aceitar.

Além disso, há um receio legítimo: se Angola adotar o Acordo Ortográfico, será que corre o risco de perder sua identidade linguística?

📌 O Debate: Adotar ou Não Adotar?

Até o momento, Angola ainda não ratificou oficialmente o Acordo Ortográfico. Isso significa que seu uso não é obrigatório no país, e muitas instituições continuam utilizando a ortografia anterior.

Mas então, por que há tanta resistência?

Preservação da Identidade Linguística – Muitos linguistas e escritores defendem que Angola deve ter autonomia para decidir sobre sua própria ortografia, sem seguir obrigatoriamente uma norma imposta por outros países.

Adaptação Gradual – Professores e alunos precisam de tempo para se acostumar com as mudanças. O material escolar, os documentos oficiais e até os meios de comunicação teriam que ser atualizados, o que demanda investimento e planejamento.

Influência Global – Muitos documentos internacionais, jornais e livros já seguem a nova ortografia. Para quem deseja se comunicar além das fronteiras angolanas, dominar essas novas regras pode ser uma vantagem.

Por outro lado, alguns setores já começaram a adotar o Acordo Ortográfico, mesmo sem uma imposição legal. Escolas privadas, escritores contemporâneos e alguns jornais já escrevem de acordo com as novas normas, criando uma convivência entre as duas grafias.

📌 O Futuro do Português em Angola

Se há algo certo na história da língua, é que ela nunca deixa de evoluir. Assim como o português de Angola se diferenciou do português europeu e do português brasileiro, ele continuará se transformando, independentemente da ortografia adotada.

O verdadeiro desafio não é apenas aceitar ou rejeitar o Acordo Ortográfico, mas sim garantir que a língua portuguesa continue sendo um reflexo da identidade e cultura angolana.

Seja com acção ou ação, seja com óptimo ou ótimo, o mais importante é que o português de Angola continue sendo uma língua viva, forte e genuína.

📌 E você, como vê essa mudança? Acha que Angola deve seguir o Acordo Ortográfico ou criar sua própria norma?

📌 No próximo módulo, exploraremos em detalhes as principais mudanças ortográficas e como aplicá-las na prática.

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